Segundo
Cícero, a História é a "mestra da vida", pois "ela é a senhora
dos tempos, a luz da verdade, a vida da memória, a mensageira da
antiguidade". Porém, a historiografia a respeito da História de nosso
país,o Brasil,não podemos afirmar uma verdade absoluta,visto que mesmo com uma
riqueza de dados e de documentos acerca da descoberta existe sim,uma incógnita,
ainda hoje, mesmo com tanta tecnologia,que nem cientistas e nem historiadores
conseguem nos convencer.Afinal a “descoberta do Brasil” foi casualidade ou
intencionalidade?! Por hora, nosso trabalho tem o intuito de levantar esse
questionamento a partir das fontes pesquisadas.Não pretendemos, em nenhum
momento, tomar uma opinião sobre o assunto, seria muita pretensão, mas vamos
levantar questões pertinentes ao tema.
A quantidade e conteúdo dos
documentos que atualmente estão à disposição dos historiadores que tratam do
descobrimento não dispõem de informações suficientes, que evidenciem de forma
inquestionável uma verdade relacionada com o dito episódio. Entretanto, os
documentos existentes proporcionaram, ao longo dos anos, o surgimento dessas
duas versões, e o nosso objetivo é reabri-los e instigar possíveis conclusões.
Com dez naus e três
caravelas, a esquadra liderada por Cabral era a maior e a mais extraordinária
que Portugal jamais enviara para navegar o Atlântico. Partiu de Lisboa no dia 9
de março de 1500. Cabral dirigia 1500 homens entre marujos, soldados, grumetes,
degredados, pilotos, escrivãos e capitães de sangue nobre. Levava na expedição:
canhões, pólvora e espadas afiadas. Ainda hoje, algumas imprecisões existem a
respeito do descobrimento do Brasil, envolta em mistérios insondáveis . De
grande complicação, é a questão da intencionalidade ou não do descobrimento,
não há, entretanto, apontamento para confirmação ou negação. Atualmente, a
quase totalidade dos historiadores elege a intencionalidade da descoberta. O
acontecimento indiscutível é que foram os portugueses que "descobriram"
o Brasil, tomando posse da terra. Devemos aos portugueses boa parte da nossa
formação.
Os primeiros a se posicionarem em
relação ao descobrimento casual do Brasil foram os cronistas portugueses do
século XVI. Para esses estudiosos , o descobrimento do Brasil não passou de uma
obra do acaso, fruto de um desvio de rota impulsionado por fatores externos.
Dentre os defensores dessa tese encontravam-se os eminentes historiadores:
Fernão Lopes de Castanheda João de Barros , Damião de Góes Gaspar Correia ,Jerônimo
Osório e Pero de Magalhães Gândavo.Para esses não há possibilidade da
descoberta fazer parte de um projeto intencional da Coroa portuguesa.Porém o
que vale ressaltar é que todos estes tinham ligação com a Coroa Portuguesa,como
tantas outras fontes,essa sem dúvida,é muito pertinente.
No Brasil, durante o Império ,um
sócio do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, o historiador Joaquim
Norberto de Souza e Silva (1820-1891), publicou na revista do mesmo instituto
um texto baseado na mensagem de Caminha, inaugurando a tese da
intencionalidade. A carta de Pero Vaz de Caminha, sem dúvida, trata-se do mais
conhecido e importante documento relacionado ao descobrimento do Brasil. Nas
palavras do historiador brasileiro Capistrano de Abreu (1853-1927), a carta
"é o diploma natalício lavrado à beira do berço de uma nacionalidade
futura". A epístola, que ficou esquecida durante séculos, teve sua
primeira divulgação pública em 1817, quando foi impressa no Rio de Janeiro e
publicada na Corografia Brasílica do Pe. Manuel Aires do Casal.
Base de todas as pesquisas
relacionadas com o descobrimento, a carta de Pero Vaz de Caminha (1450-1500), que foi enviada a D.
Manuel I, estava escrito que se a terra não era a Índia e nem a África, era uma
terra nova, uma ilha como outras já descobertas no Atlântico, pelos
portugueses, foi lhe dado o nome de Ilha de Vera Cruz, esta, sofreu inúmeras
interpretações, todas feitas de acordo com a tese defendida por quem a
pesquisava. Como nosso objetivo é mostrar todos os lados do tema em questão,
escolhemos aquelas que nos pareceram mais plausíveis. Uma análise mais demorada
da mensagem realmente proporcionará o levantamento de algumas interrogações “Posto
que o capitão-mor desta vossa frota, e assim os outros capitães escreveram a Vossa
Alteza a nova do achamento desta vossa terra nova, que se ora nesta navegação
achou, não deixarei também de dar disso minha conta a Vossa Alteza".
Este trecho inicial da
carta abre espaço para alguns questionamentos: o termo "achamento"
teve seu significado relacionado por estudiosos à ação praticada por quem antes
procurou. O termo foi inclusive usado para designar o mais intencional e
procurado descobrimento português: o das Índias. Por outro lado, para o
pesquisador Manuel de Souza Pinto, ao substantivo verbal "achamento"
corresponde hoje o adjetivo substantivo "achado", tendo este um
significado de casualidade.
A carta, em nenhum momento,
refere-se ao arrasto da frota pelas correntes equatoriais do norte e do sul.
Baseado em informações cartográficas tanto de Caminha quanto do espanhol Mestre
João e nos cálculos de latitude do estudioso português Duarte Leite
(1864-1950), o historiador Jaime Cortesão (1884-1960) defende a ideia de que
Pedro Álvares Cabral (1467-1526) e seus pilotos tinham não só a consciência
unânime do afastamento da frota para oeste, mas, longe de subestimá-lo, por
ignorância do impulso dos agentes naturais, o exageravam. Por outro lado, a
navegação foi de longo, isto é, sem voltas, como sucedia nas proximidades do
Golfo da Guiné. Cortesão conclui que o afastamento foi intencional.
Em suas instruções a
Cabral, o navegador português Vasco da Gama (1469-1524) traça o melhor caminho
para a expedição chegar às Índias. Segundo suas próprias palavras, "Quando
apanhasse os alísios SE pela proa, devia velejar tão junto quanto possível ao
vento e a corrente, até ficar o cabo da Boa Esperança completamente a este.
Desse modo, a navegação seria mais rápida, os mantimentos se conservariam
melhor e a gente iria mais sã". Por que teria Cabral desviado desta rota
tão segura? Estaria cumprindo ordens secretas do rei - que até mesmo Vasco da
Gama, descobridor das Índias, não poderia saber? Ou foi realmente empurrado
para a costa brasileira pelas correntes ocidentais?
Sempre que estudamos a
expansão marítima portuguesa e principalmente o período dos grandes
descobrimentos lusitanos, nos deparamos com argumentos cujos parâmetros são
baseados em uma possível política de sigilo, criada estrategicamente pela Coroa
portuguesa, a fim de preservar seus interesses, sejam políticos ou econômicos,
a partir dos resultados de suas expedições.
Bibliografia
FAUSTO, Boris – História Concisa do Brasil –
São Paulo, Editora da Universidade de São Paulo, 2006, 2ª Ed.
WWW.conhecimentosgerais.com.br
(texto produzido em sala de aula no curso de História da Unisinos, por Marli e Greice)
(para atividade do Hot Potatoes)